RODA PÉ
Grupo de Música Popular
Viola Campaniça:
Este espaço é destinado a publicar vária informação, sobre este singular instrumento. No mesmo daremos voz a todos os interessados na divulgação do instrumento.
Para tal basta enviar-nos um e-mail para gruporodape@hotmail.com, com os conteúdos, que nós publicaremos, sem qualquer custos.
I ENCONTRO DE VIOLAS DE ARAME - Castro verde
Dias 11, 12 e 13 de Setembro de 2009
A Viola Campaniça Produções Culturais, em colaboração com a Câmara Municipal de Castro Verde vai organizar um "Encontro de Violas de Arame", com data marcada para os dias 11, 12 e 13 de Setembro de 2009, no âmbito da "Planicie Mediterranica - XVII Festival Sete Sois, Sete Luas 2009". Irão estar em destaque a Viola Campaniça (Alentejo), a Viola de Arame (Madeira), Viola da Terra Micaelense (S.Miguel/Açores) e a Viola Braguesa (Minho). Estas violas irão ser dedilhadas por músicos convidados que irão promover Worshops/Oficinas, abordando a história e a técnica de tocar cada um destes instrumentos de cordas. Os worshops irão decorrer durante os três dias do festival e em simultâneo. E irá haver também uma pequena apresentação dos músicos responsáveis pelos Worshops.
|
I ENCONTRO DE TOCADORES DE VIOLA CAMPANIÇA - Castro verde
Realizou-se a 28 de Março de 2009, em Castro Verde, o primeiro Encontro de Tocadores da viola campaniça , organizado pela ACA-Os Cardadores, em
colaboração
com o Munícipio de Castro Verde e apoio das Juntas de freguesia de Castro Verde
e Stª Bárbara de Padrões.
A
iniciativa teve como objectivo juntar o maior número possível de tocadores,
bem como os apaixonados e estudiosos deste singular instrumento da cultura
alentejana, “a viola de cintura delgadinha”.
O
Encontro foi um sucesso extraordinário, já que conseguiu juntar 30 tocadores,
dos existentes nas diversas regiões do país.
Esta iniciativa, ficará como um marco na cultura alentejana, que já não pode ser ignorado. O instrumento esteve dado praticamente como extinto, até 1986, altura em que saiu o primeiro trabalho discográfico “A Viola Campaniça, o Outro Alentejo”, editado pelo Etnólogo Dr. José Alberto Sardinha, que por mero acaso nos início dos anos 1983, teve conhecimento da existência de alguns tocadores.
O
Vereador da Cultura, iníciou o Encontro dando as boas vindas aos participantes,
seguindo-se uma resenha histórica pelo Dr. José Francisco Colaço sobre o
ressurgimento da viola campaniça nestes últimos vinte anos. Um dos pontos
altos neste “paraíso de memórias e afectos”, foi a passagem do
filme de recolha realizado por Michel Giacometti, em 1968 para o progama “Povo
que Canta”. Este registo é de uma enorme importância, já que nos mostra o
instrumento, numa fase praticamente em extinção. Dos dois tocadores que
aparecem no filme, um pouco toca a moda, o segundo é um exímio tocador e com
uma técnica que praticamente não se utiliza nos dias de hoje. Em geral a viola
toca-se ponteando com o polegar, mas este tocador executa uma moda de baile com
o polegar a fazer os baixos e o
indicador a executar a melodia.
Desde essa data, ou seja, 1968 até 1983, o instrumento entrou em esquecimento e foi predendo a sua função de animador de bailes em detrimento de outros instrumentos.
Iniciou um trabalho de campo, conseguiu fazer várias recolhas, vindo a culminar na edição deste LP. Desde então e através do Dr. José Francisco Colaço Guerreiro, em conjunto com a cooperativa “Cortiçol” e os novos tocadores que foram surgindo, conseguiu-se revitalizar o instrumento, que é hoje tocado por vários grupos, mostrando as várias sonoridades e sensibilidades musicais possíveis, com a “campaniça”.
Nesta
nova geração de tocadores, é de salientar o papel fundamental que o Pedro
Mestre teve na divulgação e incremento do instrumento. Para todo este
movimento de renascimento da viola, muito tem contribuido o Sr. Manuel Bento,
que não só é um exímio tocador, como um grande mestre, já que foi através
dele e dos seus conhecimentos que todos aprenderam.
A
“Campaniça” tem paralelo na viola Braguesa e na viola da Terra dos Açores”.
Estas violas aparecem tocadas por vários grupos musicais, não acontecendo o
mesmo com as outras violas portuguesas, que praticamente cairam no esquecimento.
Foi
enternecedor ouvir o grande mestre do instrumento o “Tio Manuel Bento” dizer
que, “nunca vi tanta viola junta”. Na verdade o final deste Encontro
ficou marcado pela presença de mais 20 violas em palco, incluíndo o Mestre
Bento, a “tanger” em uníssuno as duas modas escolhidas, tendo este
momento sido registado para a posteridade, em audio e vídeo.
A
VIOLA “CAMPANIÇA”
A
viola, nome pelo qual era
designada nos finais do século XIX, a acreditar num cliché publicado na
Revista “Tradição” de Serpa, em Novembro de 1899, conforme foto.
Esta
foto é um retrato fiel do instrumento, tal qual o conhecemos hoje, mantendo
todas as suas características ao longo destes 110 anos. Esta estampa, deve ser
a referência mais antiga conhecida até hoje do instrumento.
Se
ouvirmos com atenção o diálogo existente no filme de Giacometti, em S.
Martinho das Amoreiras e o construtor, podemos afirmar que o nome “campaniça”
não era vulgar. Atendamos então a esse dialogo:
M.
Giacometti
– Uma viola campaniça!
Construtor
– É uma viola campaniça pois, o seu nome é viola, agora é cá do campo.
Na
entrevista registada com o segundo tocador este nunca referiu viola campaniça,
fazendo várias referências a viola. O nome “campaniça” é concerteza de
uma época recente. Portanto, quando surgiu o nome “campaniça”, não é
possível precisar, mas Ernesto Veiga de Oliveira em “Instrumentos Populares
Portugueses”, editado em 1966 já lhe chama viola campaniça.
A
VIOLA NOS TEMPOS REMOTOS
No
início do século XX, o instrumento era muito popular pelo menos na zona Serpa,
segundo a revista “Tradição”, editada de 1899 até 1904, são várias as
referências ao instrumento, incluíndo a música de algumas modas que ainda
hoje se tocam na viola. Algumas das quadras do cancioneiro popular editadas
dizem o seguinte:
O
tocador de viola Merece
uma bôa ceia: Uma
data de pasadas, Trinta
dias de Cadeia O
tocador de viola Merece
uma galinha ... Mastigada,
co’s meus dentes, Cá
prá minha barriguinha. O
tocador de viola, Oh,
moças! Tratem n’o bem, Que
elle é de fora da terra, Não
conhece aqui ninguém. |
O
tocador de viola Merece
uma gravata; Hei-de
mandar fazer-lhe uma Do
rabo da minha gata... O
tocador de viola É
feio, mas toca bem... Se
não casar pela prenda, A
formosura não a tem. O
tocador de viola Merece
levar pasadas: A
viola não é sua, As
cordas são emprestadas! |
Ainda
na primeira parte do Encontro, o
Dr. J. Alberto Sardinha falou sobre a origem da viola, como chegou ao
conhecimento do instrumento e os primeiros passos dados, até ter chegado à edição
em 2001 do livro com o mesmo nome do LP, ”Viola Campaniça, o outro Alentejo”.
Neste livro, para além da história sobre as origens da viola, podem encontar-se
várias referências ao trabalho de campo, levado a efeito através da investigação.
Este
livro é sem sombra de dúvida o melhor documento que podemos encontar sobre a
viola campaniça. Pena é que a primeira edição esteja esgotada e não esteja
programada para já a segunda.
Para
além do trabalho de levantamento, o livro vem acompanhado por 2 CDs, onde se
encontram praticamente todas as modas que sairam no LP, acrescidas de outras.
Estas modas foram recolhidas de vários tocadores, pelo Dr. Alberto Sardinha em,
Panóias - Ourique, Funcheira – Odemira, Amoreiras, Gare de Odemira –
Ourique, Castro Verde, Corte Malhão – Odemira, Aldeia de Palheiros –
Ourique e Monte das Figueirinhas – Odemira.
A
segunda parte do Encontro foi composta pelas oficinas, onde os vários tocadores
trocaram experiências, e tiraram dúvidas. Preparam as duas modas para serem
executadas em conjunto por todos no Espectáculo de encerramento.
Participaram
ainda no espectáculo alguns grupos convidados, que intrepretaram várias modas
alentejanas acompanhadas pela campaniça, exprimindo as várias sensibilidades
musicais.
Pode
concluir-se que este foi um grande Encontro de Tocadores da Viola Campaniça.
Que a viola está para durar e que as novas gerações se estão a interessar
pelo instrumento.
De
salientar a ausência da grande parte dos meios de Comunicação Social, , a
quem estas iniciativas culturais, nada dizem, pelo que não lhes interessa
investir na sua divulgação. Valha-nos ao menos
a existência ainda da imprensa regional.
A
realização do II ENCONTRO impõem-se já no próximo ano.
Foto
do encerramento com vários tocadores a executarem duas modas na companhia do
mestre “Tio Manuel Bento”
Ouvir MP3 - Recolha do encontro
Contactos
Para qualquer esclarecimento, sugestões, marcação de espectáculos, encomendas de CD'S, ou outros não hesite em contactar-nos:
Morada: QUINTA DO SERRABULHO
MALAGUEIRA
7000 ÉVORA
Telemóvel: 96 4400216
E-mail: gruporodape@hotmail.com